A vocação religiosa nasce de um encontro, de
uma experiência onde a pessoa sente profundamente o amor de Deus em sua
vida. Esse encontro se dá de forma tão intensa que a pessoa passa a
desejar uma vida de inteira dedicação a Deus. E deseja fazer com que
outras pessoas vivam a mesma experiência, que leva a uma vida onde, de
forma concreta, o amor divino é compartilhado com todos.
A vida consagrada é o nome que a Igreja
Católica dá ao modo de viver das pessoas que deixaram as suas vidas
profissionais e familiares e seu próprio futuro no mundo para dedicar-se
inteiramente a Deus, no serviço à Igreja, na evangelização, intercessão
e promoção da dignidade humana. Esse serviço se dá através de um jeito
próprio, ou seja, de acordo com o carisma de cada congregação ou
entidade religiosa e de cada membro da mesma, como um modo próprio de
ser e agir.
É preciso salientar que, para uma adequada
vivência dessa vocação, é necessária certa maturidade psicoafetiva, que
permite à pessoa uma liberdade interior, tornando-a capaz de um amor
propriamente “humano”, que assume e integra em nível espiritual o amor
biológico e o psíquico. A pessoa madura afetivamente traz consigo
algumas características, como tolerância à frustração, controle da
ansiedade e insegurança, adaptabilidade, flexibilidade, capacidade de
esperar, capacidade de sublimação, capacidade de dar e receber,
aceitação dos próprios limites e fraquezas.
Evidentemente, não se espera uma maturidade
plena, mas minimamente necessária, para que, a partir dela, o indivíduo
possa crescer numa vida de doação a Deus e aos irmãos.
A pessoa que se sente chamada a uma vida
religiosa precisa ter coragem de se questionar e perguntar ao próprio
coração o que é deseja. Precisa olhar para dentro de si mesma e ver o
que sente ao imaginar-se numa vida consagrada, para que possa verificar
se se trata de uma vocação a uma vida de inteira dedicação, ou de um
chamado a assumir sua religiosidade com mais intensidade.
A partir dessas reflexões, é necessário que a
pessoa procure conhecer instituições, comunidades, congregações com as
quais se identifique e dê início a um processo de discernimento
vocacional, com um acompanhamento espiritual adequado. O discernimento
vocacional precisa ser feito com tranquilidade, sem pressa, pois se
trata de uma decisão para toda uma vida.
Como pessoa consagrada que sou, posso dizer
para aqueles que se sentem inquietos que não tenham medo e ouçam no seu
coração a voz que chama. Não tenham medo de se questionar, de procurar
ajuda e acompanhamento espiritual adequado. Não tenham medo de deixar
tudo, se este for a vocação, para uma vida de inteira doação e dedicação
ao próximo. Posso dizer, com a minha humilde experiência, que Vicktor
Frankl tinha razão ao dizer que o ser humano tem na sua essência a
autotranscendência e que somente por meio dela encontra realização e
felicidade.www.mscs.org.br e-mail: vocacoesmscs@uol.com.br
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