O Documento de Aparecida nos diz que “a Vida Consagrada é um dom do Pai, por meio do Espírito Santo, à sua Igreja, constituindo um elemento decisivo para sua missão. É um caminho especial para Cristo; para dedicar-se a Ele com coração sem limites e colocar-se, com Ele, a serviço de Deus e da humanidade, assumindo a forma de vida que Cristo escolheu para vir a este mundo. Por isso, livremente, consagram-se inteiramente a Deus através dos votos de pobreza, obediência e castidade, a fim de realizarem sua missão junto aos mais necessitados e serem fermento de santidade no meio da comunidade.
Em todo terceiro sábado do mês de agosto, mês vocacional, se reflete sobre a Vida Consagrada ou Vida Religiosa Consagrada. Todos nós somos religiosos, enquanto seguidores de uma religião. Todos também somos consagrados a Deus em nosso batismo e nascimento.
A dimensão religiosa deve “ser um domínio exclusivo de Deus, realizada ao compasso de uma vida unida a Jesus Sacramentado, especialmente na Eucaristia e na contemplação da vida de Cristo de cada consagrado. Quando a vida de uma alma está plenamente imbuída de Deus então, e só então, a vida ativa encontra plenamente sua razão de ser. Dela virão frutos abundantes de eficácia apostólica e de conversão das almas”.
A vocação à Vida Religiosa é um misto de amor e de mistério. O desejo de consagrar-se inteiramente a Deus surge de uma profunda experiência de amor. Experiência essa que ultrapassa a nossa compreensão. Deus ama e, por isso, chama cada um para estar com Ele e servi-lo nos irmãos e irmãs.
A Vida Religiosa Consagrada é uma proposta de se tentar realizar o mandato de Cristo a todos os cristãos e cristãs, quando Ele disse em Lc 19,2: “ sede santos porque eu, Vosso Deus, sou Santo!” E como Ele também afirma em Mt 5,48, “sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está no céu”.
A partir de São Francisco, no século XIII, que a vida religiosa consagrada foi se abrindo mais para o apostolado universal. Na época do Cristianismo Antigo e Medieval, podemos destacar várias ordens religiosas: beneditinos, agostinianos, franciscanos, dominicanos, mercedários, carmelitas, etc; muitas delas tinham também o ramo feminino. Foram fundadas centenas de ordens e congregações, que também trabalham em nossa país: jesuítas, teatinos, camilianos, redentoristas, vicentinas, salesianos e salesianas, claretianos e claretianas, rogacionistas, estigmatinos, Irmãs de Maria e José, etc. Estes grupos se dedicam a uma evangelização universal, desenvolvendo inúmeras atividades missionárias. Estas ordens e congregações surgiram em momentos históricos específicos, de acordo com as necessidades da Igreja e da sociedade, sendo uma resposta do Espírito Santo aos desafios de um momento histórico.
A vocação religiosa está vivendo uma nova experiência promovendo a intercongregacionalidade, o ecumenismo, o diálogo inter-religioso e intercultural; o resgate de etnias e culturas foram conquistas, senão exclusivas, mas fortemente impulsionadas pela VRC, especialmente a inserida em meios populares.
É uma travessia que exige da VRC despojamento das certezas e seguranças, para dar lugar ao novo, que deve ser desprovido de interesses e ambições por poder, e ter por único alicerce Deus, que conduziu e continua conduzindo a história até os dias atuais.
Todos assumem os três votos religiosos: castidade (consagram toda a sua vida a Deus e ao serviço do Reino, inseridos no mundo), pobreza (o bem maior que possuem é Jesus Cristo e por isso doam sua vida a seu serviço, procurando estar livres e disponíveis para um eficiente exercício da missão) e a obediência (atentos à vontade de Deus, renunciam aos interesses pessoais para se dedicar unicamente aos trabalhos missionários). Os religiosos e religiosas assumem também, como compromisso de vida, a vida comunitária, ou seja, vivem em comunidades ou grupos, pois sabem que sozinhos fica mais difícil realizar a missão e buscar a perfeição; assim, são chamados a testemunhar a vida em comum como resposta ao seguimento de Cristo.
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